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sábado, 17 de março de 2012


EUA mantêm compra de helicópteros de empresa russa que vende armas para a Síria


Senadores pressionaram por suspensão dos contratos; Casa Branca diz que seria risco para tropas no Afeganistão

Helicopteros usados pelos EUA no Afeganistão são herança soviética vendida por estatal russa que também arma o regime sírio

Senadores republicanos e democratas dos Estados Unidos exigiram nesta semana que o contrato de venda de helicópteros entre a empresa estatal russa Rosoboronexport e o governo americano, no valor de 375 milhões de dólares, seja cancelado caso a Rússia siga vendendo armas para o regime do presidente sírio Bashar al Assad. Em uma carta enviada ao chefe do Pentágono, Leon Panetta, 17 senadores criticaram o fato de o Exército americano ser um dos clientes da empresa russa para a exportação e importação de produtos ligados à defesa.

“Os Estados Unidos têm muitos lugares alternativos onde é possível comprar helicópteros. Temos que premiar a Rússia pela sua ação na Síria comprando os Mi-17s deles?”, indagou o senador John Comyn numa sessão do Senado. “Os contribuintes não devem ser obrigados a subvencionar indiretamente o assassinato em massa de civis sírios”, disse Comyn.

Na Rússia, a reação à declaração americana foi imediata. Membros da Duma (câmara baixa do Parlamento russo) disseram estar perplexos com a intenção dos congressistas norteamericanos. “Muitos senadores (americanos) têm feito declarações minimamente estranhas. Essa deve ser mais uma destas declarações”, explicou Irina Yarovaya, chefe do Comitê de Segurança e Anti-Corrupção da Duma, tentando não dar muita relevância ao tema.

Os helicópteros Mi-8 e Mi-17 foram utilizados pelas tropas soviéticas durante a guerra travada contra o Afeganistão, de 1979 a 1989. Muitos dos helicópteros foram deixados no país após a retirada das tropas soviéticas e posteriormente usados pelas forças talibãs.

Dois pesos e duas medidas

Para o analista de defesa Ivan Eland, a postura dos Estados Unidos sobre as relações entre Rússia e Síria evidencia como a Casa Branca continua a adotar políticas diferentes a respeito do mesmo tema. “Por exemplo, eles (EUA) não venderam armas para o Bahrein, mas venderam para a Arábia Saudita. E todos sabem que há contrabando de armas entre os dois países. Os Estados Unidos utilizam intermediários para fazer o trabalho sujo”, explicou Eland. “É verdade que em muitos casos os governos abusam e, ao invés de proteger, atacam os seus próprios cidadãos, mas o sistema de soberania dos Estados deve prevalecer”.

“Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos têm preferido regimes aliados a regimes democráticos. A indústria de armas americana movimenta bilhões de dólares todos os anos, mas estas armas podem se voltar contra o vendedor, como aconteceu com o Afeganistão, o Irã e pode se repetir no Egito. O Egito era o segundo país receptor de ‘ajuda militar’ americana, depois de Israel, mas ninguém fala sobre isso”, completa Eland.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, afirmou que cancelar o contrato com a empresa russa Rosoboronexport “colocaria em risco o programa dos Estados Unidos para manter a segurança no Afeganistão”.

Interesses da Rússia na Síria

O governo russo já afirmou que não tem intenção de romper a cooperação militar com a Síria, apesar das críticas feitas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. “A Rússia goza de uma boa e forte cooperação militar com a Síria e nós não vemos nenhuma razão para repensar a legitimidade desta relação”, disse o ministro de Defesa russo Anatoly Antonov.

No mês passado, a Rússia bloqueou o rascunho de resolução apresentado no Conselho de Segurança das Nações Unidas que sugeria a aplicação de sanções à Síria, caso Bashar al-Assad não aceitasse sair do poder e iniciar uma transição política. A Rússia é aliada da Síria desde os tempos da União Soviética, quando o país do Oriente Médio ainda era governado por Hafez Assad, pai do atual presidente Bashar Al-Assad. Além da histórica aliança, a Rússia controla uma base naval na cidade de Tartus, na Síria. É a única base russa em um país que não é uma ex-república soviética e também o único acesso da Rússia ao Mar Mediterrâneo. Tida por analistas como o último aliado russo no Oriente Médio, a Síria não deve perder o apoio do Kremlin.

“A única coisa que nos preocupa hoje é a segurança dos nossos cidadãos”, explicou Antonov a jornalistas numa referência aos militares russos que estão treinando o Exército sírio com as armas vendidas pela Rússia. “É parte das nossas obrigações contratuais e devemos cumprir”. E completou: “O fornecimento de armas à Síria não vai de encontro a nenhuma lei internacional e a cooperação continuará”.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br



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